Uma delícia de batata

Há uns anos atrás, ia de quatro em quatro anos a Dusseldorf visitar uma feira de artes gráficas, a Drupa, que ficava muito longe, lá na Alemanha. A maneira mais fácil de lá chegar era de avião, mas, Eu tinha muito medo, e ainda hoje tenho… Por isso, acabava por ir sempre de carro com o meu amigo Zé Moreira. Eram muitas horas de viagem: dois dias para lá, dois dias para cá… uma seca! O Zé ia sempre ao volante, porque o carro era dele e só ele é que o conduzia. Normalmente, parávamos nos arredores de Paris para dormir e no dia seguinte lá estávamos em Dusseldorf.

Numa dessas viagens, o Zé - que tinha vivido em França uma série de anos - convenceu-me a não jantar no País Basco e, em vez disso, a comermos qualquer coisa do outro lado da fronteira. Só que se esqueceu que já eram nove da noite e que, a essa hora, os restaurantes já estavam todos fechados! Descobrimos um, assim por acaso, que tinha inaugurado há apenas um mês que também já estava a fechar as portas…. mas eles lá se dispuseram a fazer-nos o jantar. Eu, como não percebo muito de francês, deixei ao meu amigo o critério da escolha. Ele lá me foi dizendo que ali havia uma especialidade que não existia em mais lado nenhum do mundo, que Eu nem precisava de saber o que era… mal sabia ele que Eu não gostava de pato! E não é que ele mandou vir dois peitos de pato quase crus, acompanhados por umas batatas com natas gratinadas no forno?! A minha sorte foram as batatas!

Ao primeiro corte, percebi que o Magret de Canard estava completamente em sangue (como manda a receita original). Fiquei chocado, e pedi ao chef para ele me passar um pouco mais a carne. Ele ficou escandalizado! Disse-me que passar mais a carne seria um sacrilégio, o Magret de Canard em França come-se mesmo assim: cru.

Claro que Eu não consegui comer o pato, valeram-me as batatas que estavam espetaculares!!!

Nunca mais me esqueci desse jantar, por isso, resolvi fazer uma versão minha destas batatas. E não é que ficou bom?! Nesse dia estava muita gente lá em casa, por isso as quantidades dos ingredientes são maiores que o normal. Mas pode sempre dividir pelo número pessoas.