Quando estou na Ericeira e vou jantar fora, puxo sempre para o sul, onde estão quase todos os restaurantes. É por lá que como bom peixe e boa carne. É lá onde se passa quase toda animação da Ericeira, e vou quase sempre aos mesmos restaurantes. Desta vez, resolvi mudar de ares, virei a norte, passei para lá da estrada e dei com um restaurante que nunca tinha reparado: o Porco Preto e Tinto.
Primeiro pensei não entrar. Um restaurante alentejano na Ericeira? Dei mais uma volta por aquelas bandas, estava tudo fechado e decidi voltar novamente ao Porco Preto e Tinto. Ainda hesitei, mas entrei. O restaurante ainda não estava cheio e eu gosto de restaurantes com muita gente! Para mim é um sinal de que se come bem por lá.
O restaurante tem uma decoração sóbria, simples mas com gosto. São cerca de 24 lugares dentro do restaurante. A servir às mesas está a Leiliane, uma brasileira de Minas Gerais, que consegue falar sem sotaque e é de uma eficiência admirável, praticamente sozinha domina o serviço. Dentro do balcão, soube pela Liliane, está o casal, Diogo e Rita. Ele cozinha, lava a loiça e traz alguns pratos e garrafas à mesa. Ela, sempre de volta da comida.
Comemos uma tábua mista de queijo e salpicão, depois mandamos vir uma dose de secretos acompanhados de batata frita. Como na mesa ao lado, estavam a comer umas migas, com ótimo aspeto, mandei vir também para acompanhar os secretos, estava tudo no ponto. As batatas fritas crocantes, os secretos um pouco mais passados como eu pedi, e as migas muito saborosas e com a textura certa. (Era uma boa ideia o chefe Avilez mandar os seus chefes da taberna virem aqui aprender a fazer migas). Nos doces, havia sericaia e encharcada, optei pela encharcada, estava óptima! Feita a preceito, há muito tempo que não comia uma encharcada assim.
Para beber, provei e bebi um vinho da Ervideira Branco colheita selecionada. Eu que não gosto muito dos brancos alentejanos mas gostei deste.
No final, antes de me vir embora dei os parabéns à Liliane e pedi-lhe para falar com o Diogo, que pensava eu ser o chefe. Da conversa com o Diogo, percebi que quem mandava na cozinha era a Rita. Acabei por dar os parabéns aos dois! Não é normal ver um restaurante onde tudo funciona bem.
Parabéns!!! Vou voltar.