Casa Gallega, uma desilusão em Paço de Arcos
Depois da Passagem de Ano, empanturrado e enjoado, resolvi ir jantar a Paço de Arcos.
Como já tinha ouvido falar na Casa Gallega e, mesmo pensando que aquela não era a melhor noite para ir a um restaurante daqueles, resolvi arriscar, contra a opinião do fígado e da vesícula.
Estava um frio de rachar, não se via viva alma na rua e no restaurante também não. Aliás, estava alguém que penso que fosse o dono, que nos veio receber com grande à vontade. Ao ver a minha samarra, pegou logo nela, pensava eu que era para a arrumar mas não, tratou de ver se a pele era de raposa e, por via das dúvidas, lá me perguntou se era mesmo verdadeira. Disse-lhe que sim e o assunto ficou arrumado.
O restaurante tem uma decoração a puxar pró fino e o chefe da sala justificou a ausência de mais clientes com o início do ano e com o facto de muitos clientes terem ido ou estarem em Angola. Disse também que o almoço lhe tinha corrido muito bem.
A ementa não vimos, aceitámos as sugestões e lá fomos petiscando: setas al ajillo, pimentos de padrón, tortilha à espanhola, polvo à galega, pica-pau…
Com o senhor sempre a aconselhar, chegámos aos doces. Escolhemos e o homem deve ter achado que éramos uns pelintras. Dois doces para quatro colheres? Aí a coisa descambou.
Sempre que o homem voltava à mesa, ou vinha a comer ou a chupar o espaço entre os dentes e as gengivas, provavelmente uma lasca de bacalhau estava a incomodá-lo, um perfeito alarve! Lá ia falando em cima de nós com muita graça, de tal maneira que quando chegou a vez das bicas mandou a boquinha: “então um cafezinho e quatro colheres?” Tem mesmo muita graça, tanta que não conseguíamos parar de rir.
Acabou o ‘serviço’ com uma consulta de mesa em vez da fatura e a dizer com desdém para pagarmos em dinheiro. Saímos sem o senhor nos fazer a desfeita de se vir despedir de nós. E eu que até costumo ser mauzinho nestas situações, talvez por estar débil das festas, paguei como o senhor disse e sai a rir baixinho.
A comida não estava nada de especial, no entanto parece que não comi as especialidades. E nunca as vou provar!
Melhor que este só o BARBOSA da Flor dos Congregados.