Merujas – Um segredo dos deuses

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Conheço o Hirondino Isaías há uns anos. É um transmontano convicto e defensor incondicional dos seus ideais. Fazemos parte de uma tertúlia que se ‘reúne’ todos os meses para almoçar leitão ali para os lados dos Olivais Velho.

Salada de Merujas
Salada de Merujas de Hirondino Isaías

Hirondino, como transmontano que é, preside a Direção da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro de Lisboa, onde, a seu convite, já tive o prazer de o visitar e até de comer por lá umas alheiras. Além disso, somos amigos no Facebook e estou sempre a receber informação sobre os mais variados temas.

Entretanto, há uns tempos, publicou no Facebook uma fotografia de uma salada de Merujas que tinha comido na sua aldeia, em Lagoaça. Curioso, fui à procura de saber o que são as merujas e descobri informação muito interessante sobre elas.

 

Merujas

Muitos são os nomes comuns que dão apelido a esta planta tão apreciada quanto rara. Merujas, Merujes, Merujinha, Marujunha, Morugem ou Regajo (lê-se Regarro) são apenas alguns deles. Apreciada nas regiões do centro da Península Ibérica, incluindo Portugal, são usadas há muito tempo na alimentação pelas populações rurais.

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É uma planta aquática ou semiaquática pertencente à família das Portulacáceas, de nome científico Montia fontana, são-lhe conhecidas pelo menos três subespécies: fontana, chondrosperma e amporitana. É uma espécie muito comum nas regiões temperadas do hemisfério Norte, mas também pode ser encontrada em algumas zonas tropicais e em latitudes elevadas, próximo do círculo polar Ártico.

As merujas são um vegetal sazonal, que deve ser colhido apenas entre janeiro e março. As suas folhas, parecidas com agriões, são um pouco carnudas, cheias e alongadas. São comidas cruas em salada como se fossem alface, uma vez que o seu sabor é delicado e muito agradável. É comum saboreá-las com alho, sal, vinagre e azeite, e às vezes com paprica.

As merujas vivem em pleno sol em águas rasas de fluxo lento e bastante limpas. Assim, podemos encontrá-los em fontes, regatos, lagoas, águas da montanha, etc. Nascem à superfície tal como nenúfares. É raro encontrá-las no verão, porque não gostam de temperaturas secas. Os outonos e as primaveras chuvosas favorecem o seu desenvolvimento, criando tapeçarias de um verde intenso. O calor faz a planta floresce, mas as suas flores, de pequeno tamanho e cor esbranquiçada, são duras, amargas e indigestas. Já a queda de temperatura abaixo de -7ºC faz com que a planta queime e desapareça.

Desconhecida pela maioria dos portugueses, esperamos vê-la não só nos nossos pratos, como também na gastronomia gourmet internacional.

Merujas - Mapa de Crescimento
Mapa de Crescimento (Foto: Sociedade Portuguesa de Botânica. www.flora-on.pt)
  • Fonte de vitamina C, ómega-3 e de antioxidantes.
  • São mais ricas em fibras e vitamina C do que a alface.
  • As folhas e os caules podem ser consumidos em fresco, na preparação de saladas ou confeção de sopas.
  • Antes de as consumir, deve colocá-las numa solução de vinagre e limão.
  • É possível transformá-las num recurso agrícola viável e numa alternativa saudável.
  • Devido ao seu tamanho, só um olho bem treinado consegue identificá-las.
  • O período ideal para colher as merujas é na primavera até à chegada do calor.
  • Para colher as merujas, o melhor é levar uma tesoura, porque se as tentar arrancar vêm com lama.
  • Por uma questão de sustentabilidade, não colha todos os pés. Deixe uma porção para que termine o seu ciclo e se reproduza.

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